segunda-feira, 21 de maio de 2012

“Não minha filha, este programa não é adequado para sua idade.”

Feita a proibição, de forma quase imperceptível e, em outras tantas pequenas atitudes e discursos, vai se anulando a sexualidade da criança e negando a ela o direito de expressar suas dúvidas e conceitos fantasiosos inerentes à idade, ao mesmo tempo em que o proibidor denuncia sua própria sexualidade mal resolvida. Esta sexualidade mal resolvida impede que haja uma orientação clara e simples, que facilmente supririam as demandas infantis. Impede que ele (o proibidor) aceite a evolução sexual da criança, tornando mais fácil a proibição.

A repressão sexual, sofrida pelo proibidor na infância, gera uma vida sexual adulta mal resolvida, insatisfatória, cheia de idéias e práticas distorcidas, hoje chamadas de “perversões”, que o levam a reproduzir tal repressão. Quanto mais distorcidas e insatisfatórias as práticas sexuais do proibidor, maior o nível de repressão a se reproduzir nas crianças em formação.

Aceitar que a criança é um ser sexual, que elabora e questiona tais questões, esbarra nesta “perversão” adulta, não levando em consideração que este assunto é natural e que para a criança tem outra conotação.

Impedir que a criança entre em contato com novelas, filmes, palavrões e cenas, que também apresentam este assunto de forma inadequada, não impede que ela pense, pesquise e se informe, muitas vezes em fontes despreparadas.

Se for levado em consideração que, a energia sexual reprimida nesta criança, não será utilizada de forma satisfatória na vida adulta, justamente por causa da repressão sofrida, e que é esta energia que sustenta as inúmeras neuroses, que podem ser somatizadas no corpo, será percebido que está se criando adultos doentes, que precisarão cada vez mais de proibições para conter suas práticas distorcidas e inadequadas, aos olhos dos repressores.

Para quebrar este ciclo, é preciso que o repressor trate de suas próprias questões sexuais, e quando estas se tornarem naturais e satisfatórias para ele, aí sim ele terá condições de tratar de forma natural estas questões com as crianças, sem que haja necessidade de tantas proibições ineficientes ao que se propõem o proibidor, porque mesmo exposta a informações distorcidas e inadequadas, a criança terá onde encontrar respostas simples, claras, sinceras e adequadas: Na boca e na prática de um adulto satisfeito e saudável.

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